domingo, 13 de junho de 2010

O meu casamento seria assim

Poderíamos casar, com certeza não seriamos aquele padrão de família feliz mas seria bem divertido. Teríamos um apartamento de paredes brancas e muitos quadros. Na sala, um bar cheio de bebidas. Teríamos um estúdio para os momentos de fuga: muitos livros, cada um com seu notebook, as câmeras num canto, uma pilha de fotos reveladas e uma estante com muitos vinis. Passaríamos dias deitados vendo filmes e discutindo coisas idiotas. Tomaríamos café da manhã às três da tarde. E eu sempre reclamaria que você demora muito pra decidir as coisas. Nossos amigos passariam noites em casa e no dia seguinte iríamos fazer um café bem forte. Ficaríamos de pijama o dia inteiro e um dia no meio da semana sairíamos pra um pub qualquer. Você reclamaria porque eu não gosto de arrumar a cama diariamente e porque eu acabei com o chocolate. Nossa geladeira seria repleta de coisas e eu reservaria um espaço para a Heineken de quarta-feira. Atrasaríamos o despertador de vez em quando, eu discutiria sempre com o cachorro que insisti em ter. Sairíamos para andar na chuva e não nos incomodaríamos em voltar encharcados. Dormiríamos com o computador ligado e com alguma música de fundo. Eu não admitiria que adoro sua cara de bravo quando você descobre que eu não fechei a porta. Você brigaria comigo quando estivéssemos atrasados, e mesmo assim eu brincaria com o seu cabelo no elevador. Você riria sem motivo e não me diria o que era. Nós falaríamos frases ao mesmo tempo. Eu escolheria os filmes e você o sabor da pizza. Nós não dormiríamos abraçados, mas andaríamos de mãos dadas. É, nós poderíamos casar.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Saudade do que não foi

Isso deveria começar com algo menos tímido que um oi e terminar com algo menos rude que um adeus. Seria mais fácil acenar apenas um tchau. Mas a saudade que fica, não será ausência, será incontestavelmente a presença de tudo, de tudo que poderia existir.
A saudade de algo que nem ao menos foi, porque nunca chegara a ser, e isso ocupa espaço, ocupa tempo, ocupa a cabeça, ao ponto em que eu me vejo criando coisas apenas para fugir dessas idéias, tão próxima da total loucura.
Aos olhos de muitos estou exatamente igual, no entanto, tamanha semelhança não demonstra tanta confusão, e quando o que eu sinto entra em conflito com o que sou, melhor é esquecer. Pois não desejarei algo com tanta veemência, aprendi um clichê essencial tanto faz, por isso vou fechar meu mundo, e não haverá senha para que se possa entrar por um bom tempo.
Todo dia tento não pensar no que já se passou, para evitar ainda mais suposições, mas é totalmente inevitável, ainda não criaram uma denominação para isso, mas eu costumo chamar de sim, eu gosto de você.

"Nossas dúvidas são traidoras, e nos fazem perder o bem que poderíamos ganhar, por medo de tentar." - William Shakespeare